terça-feira, 21 de agosto de 2012

Julgamento


"Não julgues...                                                                       

Habitas num recanto mínimo desta terra.

Os teus olhos chegam

Até onde alcançam muito pouco...

Ao pouco que ouves

Acrescentas a tua própria voz.

Mantém o bem e o mal, o branco e o negro,

Cuidadosamente separados.

Em vão traças uma linha

Para estabelecer um limite.



Se houver uma melodia escondida no teu interior,

Desperta-a quando percorreres o caminho.

Na canção não há argumento,

Nem o apelo do trabalho...

A quem lhe agradar responderá,

A quem lhe agradar não ficará impassível.

Que importa que uns homens sejam bons

E outros não o sejam?

São viajantes do mesmo caminho.

Não julgues,

Ah, o tempo voa

E toda a discussão é inútil.



Olha, as flores florescem à beira do bosque,

Trazendo uma mensagem do céu,

Porque é um amigo da terra;                                                          

Com as chuvas de Julho

A erva inunda a terra de verde,

e enche a sua taça até à borda.

Esquecendo a identidade,

Enche o teu coração de simples alegria.

Viajante,

Disperso ao longo do caminho,

O tesouro amontoa-se à medida que caminhas."


R. Tagore

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