“O haiku é mais do que uma forma de poesia;
é uma forma de ver o mundo.
Cada haiku capta um momento de experiência;
um instante em que o simples subitamente
revela a sua natureza interior e nos faz olhar de novo o observado,
a natureza humana, a vida”.
(A. C. Missias, biólogo e poeta americano)
Basicamente, o haiku define-se como uma forma poética que, quanto à forma, tem três versos curtos e, quanto ao conteúdo, expressa uma percepção da natureza.
Os três versos (sem rima) apresentam, respectivamente, 5, 7 e 5 sílabas métricas japonesas. A métrica japonesa assenta essencialmente no elemento duração: por exemplo, a palavra Bashô, metricamente tem três sílabas ou unidades de som, porque o /o/ final é longo.
São dois os elementos de conteúdo, em não mais do que duas frases: uma percepção sensorial (particular e imediata) e uma percepção sugestiva (de maior amplitude circunstancial ou semântica). A separação entre os dois elementos é feita por uma palavra ou sinal gráfico (kireji).
A percepção sensorial parte de um vocábulo associado a um elemento da natureza e, frequentemente, às estações do ano (Kigo) O kigo representa o aqui e agora que originou uma dada emoção/sugestão.
Não apresenta objectividade, mas a subjectividade expressa provém sempre de uma objectividade captada pelos sentidos. Uma sensação concreta – visual, auditiva, táctil – permite associações, sentimentos, memórias, o reconhecimento de um conjunto mais amplo em que essa sensação se encaixa.
O kaiku capta o instantâneo, regista, enquadra, presentifica, evoca, emociona... a ligação semântica entre as palavras expostas será sempre feita pelo leitor.
É, pois, uma forma de poesia breve, depurada, bela, simples e fluente. É uma reacção estética minimalista à crescente consciência humana do caos.
Exige uma atenção aos mais pequenos eventos da natureza objectiva e imediata; uma permanente atitude de espanto perante o fenómeno da natureza.
Pressupõe uma relação entre o particular e o geral, entre o mais individualmente percebido e o ritmo cósmico da natureza, entre a efemeridade da sensação e o eco que esta pode despertar na sensibilidade e na memória, promovendo uma união entre o sujeito e o objecto. De referir que, no Oriente, o conceito de união entre o homem e a natureza é diferente do ocidental: o homem também é a natureza, por isso, o conceito de união remete para aquele momento específico em que o homem reconhece essa natureza a que ele também pertence.
Fonte: http://www.prof2000.pt/users/secjeste/mmanuelr/Index.htm
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