terça-feira, 3 de abril de 2007

Blogar ou não blogar, eis a questão

2007/04/03 22:06 Filipe Caetano in Portugal Diário
O primeiro blog nasceu há dez anos e o fenómeno tem vindo a acompanhar a evolução da internet, numa espécie de universo paralelo. Em Portugal a blogosfera nunca foi tão vibrante, conseguindo até influenciar a própria agenda noticiosa. E você, também bloga?
Foi em Abril de 1997 que terá surgido o conceito blog. Passaram dez anos e ainda que subsista a dúvida sobre o verdadeiro inventor, é certo que a ideia convenceu o mundo. O próprio leitor terá criado um no passado recente, ainda que tenha desistido de lá escrever, ou talvez não. Esta é a realidade do fenómeno: são tantos os curiosos, muitos desistem, mas os resistentes são entusiastas, alimentando a internet com um fenómeno paralelo, a blogosfera. «É um meio dinâmico, onde conta muito o factor surpresa. Assiste-se a algo semelhante à revolução sexual dos anos 60, em que a descoberta é constante e tudo é permitido», abordou Pedro Rolo Duarte, jornalista do Diário de Notícias e autor do programa diário «Janela Indiscreta», na Antena 1, onde há um ano só fala de blogs portugueses. O contacto directo e intenso com essa realidade permite-lhe ter uma perspectiva estruturada do panorama nacional. «Neste momento penso que a blogosfera está dividida por camadas, como se fosse uma cebola: a primeira contém os blogs de pessoas conceituadas, que já o eram antes de estarem na blogosfera ou por quem ficou famoso pelos seus blogs e foi convidado para colaborar com jornais e tvs ou então que até escreveu livros sobre os seus blogs. São os opinion leaders». «Na segunda camada surgem blogs com expressão própria, que pertencem a revistas ou outros meios, como o da revista Atlântico, ou que apostam numa área concreta, como o humor ou a culinária. A terceira camada é o caos, pois contém os blogs pessoais e aí existe uma constante guerra para encontrar um espaço próprio, o que não é nada fácil. Estou convicto que existe muito talento, mas torna-se muito complicado ganhar expressão».
A origem e a mudança
Tudo terá surgido com um post publicado no site Scripting News, a 1 de Abril de 1997. Dave Winer, pioneiro das técnicas de licenciamento e de RSS, para além de entusiasta da internet 2.0, afirma-se como o primeiro blogger, mas não existe consenso sobre esta matéria. Isto porque a expressão weblog só surgiu em Dezembro do mesmo ano, enquanto que a designação final (blog) foi inventada por Peter Merholz. Neste momento estima-se que existam cerca de 100 milhões, com aqui Technorati (maior motor de buscas de blogs) a indexar mais de 73,2 milhões. Este tipo de páginas de internet já não servem apenas para relatos diários mais ou menos pessoais de adolescentes, conquistando um espaço próprio, como sucedeu no 11 de Setembro 2001, no processo Casa Pia ou até, mais recentemente, com o polémico diploma de José Sócrates. Surge, então, a discussão sobre uma espécie de ameaça dos bloggers aos próprios jornalistas. «Ainda não chegámos lá, pois considero que um blog só vai poder concorrer com os jornais quando conseguir juntar notícias e opinião. Neste momento só conseguem ter opinião, embora haja notícias que nasceram na blogosfera. Penso que estamos longe, pois, pelo menos em Portugal, ainda ninguém paga a um blogger para escrever», frisou Pedro Rolo Duarte. O panorama nacional pode não ser esse, mas aqui ao lado, em Espanha, esse patamar já foi alcançado, com bloggers profissionais agregados no site Weblogs SL. Enquanto tal não acontece em Portugal, Pedro Rolo Duarte deixa algumas sugestões alternativas ao roteiro habitual da blogosfera nacional: Ardeu a padaria; Blogue dos marretas; 31 da Armada; Controversa Maresia.

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