domingo, 7 de janeiro de 2007

A Um Carvalho

Eis o pai da montanha, o bíblico Moisés Vegetal! Falou com Deus também, E debaixo dos pés, inominada, tem A lei da vida em pedra natural! Forte como um destino, Calmo como um pastor, E sempre pontual e matutino A receber o frio e o calor! Barbas, rugas e veias De gigante. Mas, sobretudo, braços! Longos e negros desmedidos traços, Gestos solenes duma fé constante... Folhas verdes à volta do desejo Que amadurece. E nos olha a prece Da eternidade Eis o pai da montanha, o fálico pagão Que se veste de neve e guarda a mocidade No coração! Miguel Torga (1958)

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