É Santo casamenteiro;
Vamos hoje à sua festa
A ver quem casa primeiro.
Vamos ver nascer o Sol
Na manhã de S. João,
E então verás meu Amor,
Se eu te quero bem ou não.
S. João me prometeu
De me dar um bom marido;
Vou-lhe lembrar a promessa,
Pois o Santo é esquecido.
Ó meu rico S. João,
Casai-me, que bem sabeis;
O casar é aos quatorze
Eu já tenho dezasseis…
S.João casai-me cedo,
Enquanto sou rapariga,
Que o trigo sachado tarde
Não dá palha nem espiga.
Se as silveiras fossem penas
Na noite de S. João,
Quantas coisas escreviam
Essas penas pelo chão…
Se os ramos tivesses língua
E uma boca pr’a falar,
Dos amores desta noite
Muito tinham que contar.
Não te recordas, Maria,
Da noite de S. João?
Tu vias só as estrelas,
Eu as areias do chão…
O trevo de quatro folhas
Quem o encontrar tem fortuna;
Eu já o encontrei uma vez.
Não vi fortuna nenhuma.
Vou ao meio deste monte,
Vou colher o rosmaninho;
Pode ser que eu encontre
O meu amor p’lo caminho,
Ó meu S. João, de Deus,
Ouvi-me, que eu sou solteira;
Destinai o meu marido
Nestas folhas de oliveira.
O cravo junto da rosa
Mete bonita figura;
O rapaz sem rapariga
É como uma noite escura.
Olha o cravinho
Que atiraste ao S. João;
Caiu lá, tão direitinho
Que par’ceu combinação.
Ó meu rico S. João,
Tenho a boca com água;
Declarai o meu destino
Por quem hei-de ser amada.
Ó meu S. João, de Deus,
Amigo da brincadeira,
Destinai minha fortuna
Debaixo da travesseira.
Hei-de levantar-me bem cedo
Na manhã de S. João,
A ver se a minha alcachofra
Está florida ou não.
Bom S. João
ResponderExcluirUma beijoca