sexta-feira, 27 de março de 2009

Tragédia da Ponte das Barcas

A chamada Ponte das Barcas foi uma ponte sobre o Rio Douro que existiu na cidade do Porto no início do século XIX, construída sobre barcaças.
A necessidade de haver uma travessia para a margem Sul do Douro para circulação de pessoas e mercadorias do Porto, constituiu uma preocupação permanente ao longo dos séculos. Ao longo dos tempos houve várias "pontes das barcas" construídas para determinados propósitos, como a rápida deslocação de contingentes militares. No entanto, por regra a travessia do Douro fazia-se com recursos a barcos, jangadas, barcaças ou batelões.
A Ponte das Barcas, construída com objectivos mais duradouros, foi projectada por Carlos Amarante e inaugurada a 15 de Agosto de 1806. Era constituída por vinte barcas ligadas por cabos de aço e que podia abrir em duas partes para dar passagem ao tráfego fluvial.
Foi nessa ponte que se deu a tristemente célebre catástrofe da Ponte das Barcas, em que milhares de vítimas pereceram quando fugiam, através da ponte, às cargas de baioneta das tropas da segunda invasão francesa, comandada pelo marechal Soult, em 29 de Março de 1809. Mais de quatro mil pessoas morreram.
Reconstruída depois da tragédia, a Ponte das Barcas acabaria por ser substituída definitivamente pela Ponte Pênsil em 1843.
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A tragédia da Ponte das Barcas foi há 200 anos. A memória de 1809 não esmoreceu entre a população ribeirinha. O arquitecto Eduardo Souto Moura concebeu um monumento evocativo que repousará debruçado sobre o rio Douro.

Tal como a travessia com 20 barcas de Carlos Amarante, também a escultura do arquitecto portuense partirá das duas margens. As peças simétricas em ferro de oito metros de comprimento lançar-se-ão, cravadas à terra, em direcção ao rio sem perturbar o cenário fluvial. O desenho minimalista lembra os cais de amarração da ponte que ruiu no dia 29 de Março de 1809, incapaz de suportar o peso de centenas de populares em fuga às tropas francesas.

"É um monumento evocativo da Ponte das Barcas e, como uma ponte, tem duas margens e duas intervenções simétricas dos lados do Porto e de Gaia", sublinha, ao JN, Souto Moura, fazendo a leitura das peças escultóricas. "É uma chapa aplicada no cais que foi dobrada para receber, eventualmente, os cabos de uma ponte". A escultura, atenta o arquitecto, poderá evocar, "abstractamente, a forma da quilha de um barco".

Fonte: JN

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