Por Alípio Fernandes, junho de 2001
O vinte e quatro de Junho
É o dia de São João
Quando já nasce o abrunho
E se come até sem pão.
Isabel e Zacarias
P’ra serem pais de João
Rezaram todos os dias
Perseverante oração.
São João namorador,
Assim diz a voz do povo,
P’ras moças lhe ter amor,
Aceitou morrer de novo.
São João era bom Santo,
Mas era muito “velhaco”:
Com as moças pelo Campo,
Levou três e trouxe quatro.
As moças bem enfeitadas
Cada qual com seu balão,
Todas vão, enamoradas,
À festa de São João.
Meu querido São João,
És um Santo popular,
Traz teu arco e teu balão,
Vem com o povo dançar.
Alho porro e manjerico,
Em manhãs de orvalhadas,
Nasce o Sol e é bonito,
Vão-se as moças bem cansadas.
O “maciço” a estalar
Na cabeça dos carecas,
É costume popular,
A quem as tem descobertas.
Deixemos de profanar
O nome de São João,
Mais graças lhe vamos dar
Se fizermos oração.
Não te zangues São João,
Com a alegria do Povo.
Assim cresça a devoção
Nos jovens do mundo novo.
Foi com grande admiração
Que o povo um dia viu isto:
Lá nas águas do Jordão
São João batizou Cristo.
João pregou no deserto
E lá fazia orações.
Seu alimento mais certo:
Mel silvestre e saltões.
Uma pele de camelo,
Único fato que tinha,
Todos corriam a vê-lo,
Toda a gente a ele vinha:
Endireitai os caminhos,
O Messias está a chegar:
Corrigi os desatinos
P’ra Ele vos perdoar.
Será lembrado p’ra sempre
O que ele quis ensinar:
Que não era competente
Do calçado Lhe apertar.
E João foi a Herodes,
Ao Palácio criticar:
- Com essa mulher não podes
Pretendê-la p’ra casar.
Mas Herodes, irritado,
Mandara João prender:
Por não o ter “respeitado”
Na prisão irá morrer.
Herodíades ao Rei
Pediu-lhe que se vingasse.
Logo ele ditou a lei,
Mandando que o degolasse.
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